segunda-feira, 25 de junho de 2012

                          Gostoso é ser apertada em todas as partes do corpo, em cada excesso. Sentir a mão desconhecida pegando firme bem onde você queria esconder, achando que ninguém gostaria de olhar aquele pedaço. É divertido ser puxada pela mão, desviar de beijos e ganhar piscadelas. Divertido é estar de bem com sua auto-estima e poder se sentir confortavelmente linda mesmo em meio a tantas mulheres cinco números menores que você. As unhas descascaram, a maquiagem foi borrada, o salto machucou os dedos e as pernas estão como se eu tivesse sido atropelada. Dancei, dancei bastante. Dancei para todos os par de olhos e também para mim. Quando ele me ofereceu, num simples gesto indicando a própria bebida, eu recusei. Mentalmente repeti umas cinco vezes que eu deveria ter aceito. Peguei o telefone, fingi que ia atender. 1,92. Dançamos enquanto nos beijávamos, foi legal. 28 dia 26 agora. *o que eu estava dizendo mesmo...?* Ahhhhhhh... Gostoso é ser apertada em todas as partes do corpo, em cada excesso. Melhor ainda foi dizer que eu gostava do jeito que ele me olhava, logo após um beijo demorado e daqueles empolgantes, e ouvir ele dizer que eu gostava talvez porque fosse sincero. (...) Quando eu estava indo embora ele me deu um beijo, dessa vez estalado e na testa. Tem como não se sentir especial?

domingo, 17 de junho de 2012

DONO

                     Foi estranho encontrar com aquela imagem, com aquilo que já era conhecido, que eu até repudiava de alguma forma. Os jogos foram evoluindo até a desistência ser bilateral. E foi ai, exatamente ai, em que o jogo deixou de existir e então jogadas foram as almas. Ambas, expostas... Cada um sendo o dedo na ferida do outro. Revirando, sangrando, chorando. Divertindo e cansando!





Eu não quero só o hoje. Eu quero até não cansar.

[Playlist: Daniem Rice - The Blower's Daughter]

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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Inquietudes...

             Derramando na pele nua todas as minhas inquietudes como se as feras rugissem mostrando os dentes. Como se os cios das coisas engravidassem a semente e como se nela embrionassem os meus pensamentos. E nessa densidade que me escorrega em fios translúcidos... A vida - Essa meretriz que tanto enfeitiça como se doa, brilha na luminosidade mais linda, e às vezes, penumbrenta invade feiticeira e mágica todos os seus fetiches. Ai de mim que grito aos quatro cantos do universo todas as palavras solfejadas no éter... Doida de pedra, louca, pirada. E se penso em pingo d'água, imagino a tempestade, e se penso em brisa morna, imagino a ventania desenfreada, e se penso em vinho, imagino os espaços dilacerados e escorregadios... Sonho feito menina, mas na verdade, sou apenas uma mulher parindo fantasias...



[Playlist: Lenine - Todas elas juntas num só ser.]

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sábado, 2 de junho de 2012

(...)


                    Sem perceber eu havia permitido. Tinha liberado por espontânea vontade aquela parte minha que só eu sei e posso cuidar. Cada um de nós tem dentro de si algo grandioso, qualquer coisa que há qualquer momento pode explodir e fazer de uma simples vida uma linda história. Esqueça tudo que te empurra para baixo. Sente como se estivesse no fundo de um poço fechado? Você possui dedos e unhas fortes e, por mais incrível que possa parecer você esta sentada em cima de uma mola que com um simples comando de seu corpo te ejeta para o alto. Para mais alto do que você pode imaginar. 
                        Esse outro alguém não pode mediar sua felicidade. Tome logo posse do que é seu. Se não, assim que você menos esperar toda sua auto estima terá minado e você irá se ver caçando, vasculhando entre palavras e olhares qualquer coisa que possa alimentar aquilo que você sente te fazer bem naquele instante, mas que com a escassez em alta apenas te destrói. Não se permita contentar-se com tão pouco. 


                 E naquele jogo de conquista, de necessidade de auto-afirmação (não quero desqualificar, até eu sinto necessidade de me auto-afirmar) ele achou que me enganava. Tá ok! Ele me enganou. Enganou a parte de mim que achava que ele seria responsável por me arrancar sorrisos, apenas sorrisos. Era bom estar com ele. Ele é gentil, é agradável, preocupa-se com meu bem estar, mas, quando longe, sente a mesma necessidade de proporcionar todo esse conforto e bem estar para ela. Não, esse ELA não têm destinatária fixa, pode ser qualquer uma. Q U A L Q U E R, sente o peso disso? Ele quer reproduzir uma minisérie e eu quero dar rumo á minha história. Desculpa, paixão, estou indo ser feliz, me realizar. Talvez eu volte sim, mas quando EU quizer e achar que devo. Solta logo essas rédias, você não está no comando.



Esta é a parte de mim
Que você nunca arrancará de mim, não
Esta é a parte de mim
Que você nunca arrancará de mim, não
Jogue seus paus e suas pedras
Jogue suas bombas e seus golpes
Mas você nunca destruirá a minha alma
Esta é a parte de mim
Que você nunca arrancará de mim, não.


[Playlist: Katy Perry - Part of Me] ♪

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Não me deixe...


- Mas você não era criança demais quando passou na tv?

           Claro que era. Em 2000 ela havia acabado de completar 9 anos. Nem dois dígitos tinha sua idade e já buscava de maneira escondida viver aquela intensidade. Grande na altura e ainda pequena nas ancas, seus cabelos saiam das raízes quase loiros e as sobrancelhas pouco se notava. A vinheta começava e seus pais tratavam logo de mudar o canal buscado algo mais apropriado para a filha ainda inocente. Os pés gordos chocavam-se contra os tacos de madeira e da porta do quarto ela gritava um boa noite insuspeitável. A noite seria ótima. Quase sempre com suas calcinhas de algodão e os mamilos miúdos e rijos pontando na camiseta infantil, ela tratava de abaixar o volume da tv no zero para que não ouvissem vozes e interrompessem sua interpretação. Os olhos grandes e quase verdes nem piscavam. Não queria perder uma cena sequer dos capítulos em que Anita entregava-se a Nando, a Armando e a Zezinho. Lenina sorria a cada vez que o rosto da atriz surgia na tv. Conseguia se imaginar naquele lugar, dentro daquelas roupas, casas, carros. Dentro de cada abraço e beijo, vivendo a mesma cena e sentindo as mesmas emoções. Assim que os ombros estreitos da atriz giravam na tela, ela copiava da maneira como conseguia, erguendo-se sob os dedos dos pés e ondulando os fios dourados na pouca luz que vinha da tv. O sorriso de ambas era o mesmo. Os dentes grandes, infantis, o cheiro de pele nova, o olhar de uma malícia quase inocente. Lenina não podia ouvir a música, mas copiava os passos de Anita como se conhecesse a melodia e como se vivesse a agonia lindamente cantada por Maysa Matarazzo.


01/06/2012

            Flashes de cenas vinham em sua mente enquanto o carro seguia fazendo aquelas curvas infinitas em uma estrada fria e contornada por árvores de eucalipto.
- O Nando tinha uma caminhonete também, não tinha? - ele perguntou sem olhar para o lado, segurando firme no volante e espremendo os lábios, um contra o outro.
- Hunrrum, ele tinha. – Verdade! O Nando também tinha uma caminhonete. Que seja, nada que possa ser muito significativo. Álias, claro que era significativo. Ele lembrava. Lembrava daquilo que ela mais amava, os detalhes. Continuou fazendo cara de nada e observando a paisagem tão interessante quanto seu olhar perdido e seu sorriso apático. Porque ele tinha que lembrar?
- Canta para mim, canta? - Pediu com um sorriso safado no rosto, aquele mesmo sorriso que ele sempre esboçava quanto tocava os bicos arrepiados dentro de seu decote discreto. Ela pensou por alguns instantes relutante, mas na verdade só esperava a introdução mental daquela tragédia.
-... Ne me quitte pas Il faut oublier. Tout peut s'oublier...     
                  
           E finalmente ela estava lá. Vivendo cada doloroso capítulo que há anos havia assistido pela tv. Lenina só não imaginava o quanto era triste ser Anita, Cíntia e quem pudesse ser para aquele homem que, assim como Nando, a tomava feito um taxi e descia na esquina sacudindo as calças. 


[Playlist: Maysa Matarazzo - Ne Me Quitte Pas ♪]





E quando vem chegando a noite,

Com um céu flamejante.

Vê como vermelho e o negro se casam

Para que o céu se inflame.

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