segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Devaneios part II

Eu odeio a maneira como ela morde a unha do dedinho quando está nervosa, morder mesmo, a ponta do dedo sabe? Ela não rói as unhas. Parece que tem a mania de manter a boca ocupada. Seja tagalerando efusivamente, seja engolindo alguém num beijo, ou então, pior, bem pior para a minha imaginação (que explode só de pensar naquele nome) devorando uma fatia suculenta de melancia enquanto atravessa a rua. Sério, quem faz isso? Quem come uma fruta que escorre pela boca no meio-da-rua? Ela faz isso! Ela passa uma leveza enquanto caminha, parece que a roupa que ela usa não foi feita para o corpo dela. Ela deveria andar nua! A única coisa que, de certo, combina com aquele corpo branco é a brisa passando de leve, assim, só para arrepiar e dar rigidez aos mamilos delicados. Ela é uma filha-da-puta! E só não concorda quem não conhece.

A lebre que assusta o leão, que ao invés de se alimentar do pequeno bichinho, fica imóvel, e s t á t i c o, esperando a lebre deitar sob sua pelugem de realeza.
O beijo prometido e não dado.
O corpo deitado no sofá, que você, sem saber como mas querendo reagir, choraminga o depois por não ter se jogado sob aquelas coxas.
Ela é o NÃO no meio de tantos sim's que você, criança mimada, teve a vida toda.

Tira vai!
Tira essa mulher do pensamento, essa mão de dentro da cueca...
Tira da sua vida enquanto você ainda se governa.

Depois não diz que eu não avisei!








(Playlist: Kings Of Leon - Closer)

:*

domingo, 24 de agosto de 2014

Devaneios pt. I

..Daí, ele me disse: "Você é um avião!". Eu ri, disse que foi uma das piores cantadas que já ouvi, perguntei se ele tinha aprendido essa com o avô e ele fez um sinal de negação com a cabeça. Eu sorri e ele perguntou: "Por que com meu avô?". Respondi: "Avião? Aff! Que pior! Por que eu seria um avião?"

Ele, então, explicou: 

"É, avião! Você vive alta porque sonha demais e sempre que toca no solo, é somente para pegar combustível para continuar voando... Seus pés foram feitos para dançar com o vento, e, sua cabeça, convenhamos, vive nas nuvens! Seu coração é quase um diário de bordo: registra e guarda todas as suas horas de voo, os acidentes de percurso e as milhas de relacionamento. Mas, a sua mente, essa sim é sua caixa preta! Nela, é aonde as coisas mais importantes estão registradas: seu sorriso, suas lágrimas, suas paixões, sua vaidade e seus segredos, afinal, toda mulher é feita de mistérios.

Eu acho que meu céu tem o cheiro do seu cabelo molhado...
Enfim, numa relação entre eventos bons e ruins, nasceu sua personalidade. Você é encantadora sabia?! Mesmo com essa cara de brava, com essas sobrancelhas!

O desenho dos seus olhos me lembram o nascer de um novo dia; me mostram oportunidades em amanhecer azul claro, perdidas no céu da sua boca. Eu gosto de ver como o dia nasce... Às vezes imagino que Deus é um pintor pela forma de como as cores vão ganhando um espaço no céu, no decorrer de como a manhã se abre. Por falar em abrir, o nascer do dia parece a abertura de um sorriso do horizonte. Eu adoro a forma como você sorri...

Certezas, eu não tenho nenhuma, mas acho que nosso romance teria as cores de um fim de tarde e, por você ser um avião, acredito que iria ver o dia nascer nos seus lábios e se por no seu calcanhar, que eu beijaria todos os dias.

É, você é um avião! Acho que todo garoto já quis ter um ou, pelo menos, estar em um. E, qualquer um ao seu lado se sentiria flutuando... Se sentir livre ao lado de alguém é quase que sentir a liberdade dentro de um objeto, feito de metal, que voa. Apesar de toda a física, aviões são feitos de ferro, lata, fios e sei lá o quê...

Ao seu lado, sinto um frio na barriga. Me avisa se for decolar, prefiro fechar os olhos ao ver o horizonte sumir na minha frente e sem garantia nenhuma de que vou por os pés no chão de novo. Mas, pensando bem... Essa sensação não é incrível?!

No meu caso, sempre que vejo um avião, imagino de onde será que vem? Pra onde será que vai? Quantas pessoas já passaram pela sua história? O que já viveu? Aonde será que gosta de ir? Quantos beijos trocou com as nuvens? Quantas turbulências enfrentou para chegar ao seu destino? Quantas histórias compõem sua história?
Enfim, imaginei tudo isso quando meus olhos cruzaram os seus, num voo rasante naquela noite.

Hey, bonita! Eu só queria voar contigo..."




(Slim Rimografia - Ela é Zika)


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Desconfio que já nasci no tédio...
Porque sempre preciso de uma loucura qualquer que me valha, que faça meu sangue correr uma maratona por cada canto do meu corpo branco; de uma bebida mais forte que azede o beijo e machuque as papilas; de uma tragada a mais que surre meus alvéolos contaminando cada célula quando meu coração pulsa mais forte, carregando o veneno e provocando o desequilíbrio; de um sapato novo que emoldure os dedos simétricos, pálidos e dê base firme para as solinhas finas. 
Dia após dia eu sempre preciso de uma nova distração! 
De um novo cheiro;
De um novo lugar;
De uma nova melodia;
De uma nova poesia;
O novo é aquela coisa que me atrai e me assusta!
Dá alegria e dá medo

E eu? O que eu sou? 
Eu sou Mariposa de pensamento livre que voa e invade os cômodos estuprando a intimidade e revirando os ânimos a procura de luz. 
Que procura e encontra a luz que alimenta e que mata

Fim de linha!
Barreira!



(Charlie Brown Jr. - Quinta-feira)
Parecia inofensiva mas te dominou, te dominou, te dominou, dominou.... ♫




:*


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

       Não, eu não estou plenamente feliz e realizada. Sei disso por que quando a felicidade me invade eu esqueço de dar as caras por aqui. Esse lugar é meu aterro sanitário de dores da alma, dores da existência. 
        Eu não estou plenamente feliz por que na verdade ninguém o é. O que acontece é que as vezes a vida parece esquecer das nossas feridas, deixando-as secarem e começarem aquele processo de cicatrização. Ai a gente esquece que ela existe, se acostuma sem a dor. Eis que, nesse processo, surge aquela maldita coceira e a gente vai e mete o NOSSO dedo na NOSSA ferida. Ai ela volta a sangrar novamente.

        Bom, eu não vim dizer que não sou a felicidade plena em pessoa. Qualquer um com o mínimo de senso crítico e de realidade sabe que a felicidade não existe, o que existe é a eterna busca por ela, que faz a estrada ficar mais colorida para no final, repararmos que feliz mesmo foi chegar ali, foi ter aproveitado a paisagem e  as pessoas que encontramos durante a viagem.

        E foi pensando nesse meu estado momentâneo de infelicidade que eu cheguei a conclusão que eu me prefiro mil vezes assim, como sou hoje, agora. Mil não, um milhão de vezes mais!! Eu me prefiro assim, toda desconcertada, toda rascunhada por que é assim que eu sou. Quando digo que hoje sou muito melhor do que já fui não falo me valendo apenas de meu corpo 70 kilos mais magro. Eu me valho pela Lenina idônea que eu sempre fui e pela Lenina real e autêntica que eu me tornei. Eu passei a escolher meus caminhos, a escolher minhas roupas, a escolher meus amores e não mais ser a escolhida. Eu era um buraco até o talo de carência que aceitava o que me propunham, aquele típico "O que vier tá bom!". Só que não