sábado, 26 de novembro de 2011


Tinha acabado de terminar a imensa rotatória do CTI, rumo à movimentada avenida 9 de julho. O sinal fecha e começa a contar os 30 segundos de transito impedido, enquanto isso o led azul piscava inquieto entre os dedos da prima, que mudava de música insistentemente. Ela para em uma batida romântica e conhecida. Meus polegares tamborilam o volante enquanto os olhos acompanham o 17 virar 16, que vira 15, 14 e assim até a voz dela romper o silêncio.
.
- Eu não gosto desse clima de natal - disse revirando a caixinha com alto falantes e indicando a clínica á sua direita, toda decorada com pisca pisca cor-de-rosa.
.
O sinal fica verde e o carro vibra sob meus pés, acelero e logo passo para 2ª e 3ª marcha. Apenas concordei enquanto sinalizava para mudar de pista.
.
- Eu também não... - e me encarei no espelho retrovisor. - Parece que todo mundo é feliz.
.
.
.
(...)
.
.
.
[Playlist: My Hero - Foo Fighters]
.
.
.
;*

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

curve


Ela estava contagiante. Os cabelos de um crespo brilhoso, um topete alto. Ela sabia que era linda e que estava ainda mais. Aaaaah se aquelas curvas falassem... A curva da cintura, do cinto bem apertado abaixo dos seios, dos joelhos lisos, do sorriso discreto e do delineador nos olhos. A noite era dela simplesmente pelo fato de querer que fosse. Ganhou um calo no pé, mas também um bocado de olhares.
.
.
.
[Playlist: Tudo bem - Lulu Santos]
.
.
Aquele beiiijo ;*
.
.

sábado, 19 de novembro de 2011

e o destino?


Eva chegou ao mundo causando transtornos. Sua mãe fugiu logo após dar à luz, causando em seu pai uma profunda depressão. A garotinha cresceu educada por um homem, um advogado esforçado e falido. Aos 18 anos, ingressou na faculdade de direito, como seu pai havia sonhado, empenhava-se em ajudá-lo em pequenos casos até formar-se e tê-lo na primeira fila, aplaudindo-a de pé. Era o maior orgulho que ambos sentiriam na vida.
Assim que chegaram em casa após a formatura, André, seu pai, a chamou no pequeno local que costumava chamar de escritório. "Estou infinitamente orgulhoso de você, querida. Minha missão está cumprida." E suicidou-se. Eva sentiu a dor invadir teu coração e decidiu que seria uma advogada reconhecida em São Paulo. Estava errada. O dia da garota começara desastrosamente. A cerimônia de juramento, no gabinete do promotor de justiça, estava marcada para oito horas da manhã. Eva preparou suas roupas cuidadosamente na noite anterior, armando o despertador para acordá-la às seis, a fim de ter tempo para lavar os cabelos. Mas o despertador não funcionou. Eva acordou às sete e meia e entrou em pânico. Desfiou um fio da meia quando o salto do sapato quebrou e ela teve de mudar de roupa. Bateu a porta do pequeno apartamento no mesmo instante que se lembrou que as chaves estavam lá dentro. Planejava pegar um ônibus para ir ao prédio do tribunal, mas isso agora era impossível. Teve de pegar um táxi, luxo a que não podia se dar, sendo atormentada por toda a viagem por um motorista que lhe explicou por que o mundo estava prestes a acabar. Foi então que decidiu: a carreira de advogada estava acabada. Dra. Eva Pimentel, aos 24 anos, seria puta.


"Rebolar em postes, colar em corpos, vender, de qualquer modo, os vasos, as peles, os pêlos todos: Vaginas em vitrines." - Teus restos, Madalena.


[Playlist: Heart-shaped Glasses (when The Heart Guides The Hand) - Marilyn Manson)



Uma lambida e marca de batom. ;**




sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Era engraçado tentar lembrar. Álias, era impossível. Parecia que nada havia acontecido, que eram apenas historias sem nexo e sem porque algum. A música se repetia pela 27ª vez, ela digitava o nome e enter, tudo parecia ser mais real. Sentia o coração bater nas têmporas, como se ameaçasse escorregar e sair pela boca. Se lembrava do jeito, da voz, do gosto, da força. Era inacreditável, ela lembra que era. Enredo para um filme, talvez. Assim que acordou com o celular despertando, teve o imediato choque de realidade. Era um sonho. O estranho é que era bom, e ela não queria acordar. Digitou novamente o nome, enter. Não parecia a mesma pessoa na foto, não a pessoa do sonho. Eram pessoas estranhas, completamente diferentes. E ela sabia que parte da culpa era dela. O nó apertou na garganta mas o sorriso se desenhou primeiro. Queria poder sentir o beijo, o abraço forte e o coração acelerado batendo em peito alheio.. Agora eram pessoas estranhas, ocupadas, adultas (ou não). Talvez não fosse a mesma coisa. Talvez fosse ainda melhor.

“...Mas fique sabendo que mesmo passando-se trinta anos, eu ainda me vejo olhando em seus olhos verdes novamente. Por favor, não corta o cabelo. Você lembra de mim?.”


E o meu conto de fadas?


[Playlist: Trough Glass - Stone Sour]


;*

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Então vai, remexe fundo, como diz um poeta gaúcho, Gabriel de Britto Velho:

“Apaga o cigarro no peito! Diz pra ti o que não gostas de ouvir, diz tudo

Isso é escrever. Tira sangue com as unhas. E não importa a forma, não importa a “função social”, nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. Mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. Você não está com medo dessa entrega? Porque dói, dói, dói. É de uma solidão assustadora. A única recompensa é aquilo que Laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior.”

C.F.A

...lágrimas por ninguém, só porque é triste o fim.




[Playlist: Ela disse adeus - Paralamas do Sucesso]




sábado, 12 de novembro de 2011

E eu fui lá. Já tinha dormido pouco e mal, dividir a cama com a irmã mais nova é para quem tem coragem. Principalmente se ela se meche feito uma lacraia mal matada enquanto dorme. O celular despertou, senti vontade de entrar embaixo da cama e me esconder do dia. Vamos lá, levanta! Quatro bolachas com requeijão e água para ajudar a descer. Fomos que fomos, lamentando nossas tristesas e comemorando que temos uma a outra para chorar e compartilhar o que é bom. Vaga no estacionamento do campus, uma raridade (principalmente em época de provas). E lá se foram 25 minutos, regrados a muita risada e questões sexuais. 9:15, corre. Eu to afim de comer pão de queijo. Meio baguete depois, estava eu lá, debruçada no balcão da recepção no consultório médico. Movimentadinho para um sábado, não? - Vamos pesar Lenina? Opa, claro que vamos. Ai então eu senti o peso daquele meio baguete com peito de peru, e como gordo não perde a oportunidade, fiquei pensando na outra metade que ainda estava na bolsa. Foi engraçado, tive a certeza de que sou péssima com aproximações. "Você ta vindo aqui mais do que eu. Jájá ta trabalhando aqui também". Eu sorri, e disse que não conseguiria. Me senti uma burra por não ter sido clara o suficiente e explicar que eu seria incapaz de conciliar trabalho e escola, enfim. O triglicerides, colesterol e glicemia em jejum estão altos, ô maravilha. Cade a garota gorda e saudável? Também não sei, devo ter engolido junto com os antidepressivos que tomei quase agora.




[Playlist: Nosso pequeno Castelo - O teatro mágico]


;**

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

há de haver...

Estou precisando desabafar. Não sei se quero, não sei se consigo. A vida não mima ninguém, não adianta. Não seria diferente comigo. E eu, coitada de mim, que achava que ela me afagava a cabeça, me consolava e facilitava tudo para mim. Finalmente eu cai, consigo sentir o gosto do sangue na boca. É salgado, um adocicado de leve ao fundo. E eu só vou continuar aqui, com a cara estatelada no chão, por conta desse doce. Se eu for pensar no gosto do ferro, sentirei que estou chupando capsulas de um fuzil que disparou-se em mim, à queima roupa. Mas esse doce, ahh, esse doce é o motivo para eu continuar aqui. Mesmo que eu sangre até morrer, quero poder sentir o gosto doce desse sangue até o fim.





"... todo resquício, esse excesso e vício interior, todo não achado, todo inacabado bom... Todo revolto movimento, todo novo argumento, todo novo calendário, todo novo testamento, nosso novo gesto de clamor!..."



há de haver avanço
há de haver solução...




[Playlist: O novo testamento - OTM]


;*




quinta-feira, 3 de novembro de 2011






Minha tristeza hoje não é exata, não é compreensível e muito menos traz alívio algum. Rodas gigantes de emoções. Moedas de vários lados. A eterna duplicidade que sempre me carrega e que me leva a um estado de cansaço interior quase insuportável.



(...)





.

Soprei! Cade meu pacote de sementes?

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dente de Leão




Se eu soprar acaba tudo, hm?
Promete?





(...)








Beijo ;*