quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O prédio poderia ser considerado patrimônio da cidade. Não pela época em que havia sido erguido, mas sim por ter sido o primeiro a ser testemunha de oito assassinatos. O mais interessante, todos em razão de amores mal resolvidos. Luisa não alugara o apartamento 13 acidentalmente, desde que aprendeu a ler sempre teve preferência por romances regrados a muito suspense e finais infelizes. Após alguns conflitos interiores, resolveu levar sua mobília para o novo lar. O número 13 além de ser seu preferido, era o apartamento que havia dado origem e exemplo a todos os outros crimes. Luciana era tão apaixonada por Fernando que não saberia se dividir em duas para poder pertencer a ele e a ela mesma sem comprometer sua vida estável de classe média alta com o atual esposo. Ao invés de se dividir, preferiu dividi-lo ao meio, literalmente. Dois dias depois, denunciados pela janela esquecida aberta e pela quantidade de moscas saindo pelas frestas da porta, acharam os dois corpos, o de Fernando e o dela, mortos, nus e sorrindo. Enquanto imaginava com detalhes a cena do crime, os rastros de sangue seco pelo cômodo e os corpos já em processo de decomposição, Luisa finalizava qualquer coisa que digitava no celular. Tinha um blog que mantinha com pequenos contos e alguns relatos reais. Retirou da bolsa seu batom vermelho, ainda não usado e contornou os lábios com a cor. Os mesmos dedos que digitavam agora afastavam sua calcinha. Abrindo ligeiramente as pernas e largando o corpo no encosto da cadeira, Luisa se amava, se dedilhava e gozava. O display do celular ainda acesso revela suas últimas linhas “Quando escrevo faço amor comigo mesma” e foi o que fez. As janelas abertas propositalmente eram para que o crime pudesse contar com testemunhas. Alguém, qualquer um, haveria de contar o triste final de uma escritora, mentirosa e solitária que havia acabado de assassinar o pouco amor que ainda nutria pela possibilidade de ter alguém para amá-la. Alguém que não ela mesma.




" Os bares estão cheios de almas tão vazias. A ganância vibra, a vaidade excita."



[Playlist: Não existe amor em SP - Criolo]


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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011


E pouco antes de espremer os lábios ele dizia com a voz num grave tentador “Você merece umas palmadas” e seguia pelo quarto, andando em círculos ao redor da cama, dando passos firmes e cada vez mais espaçados. Retirava o que restava de roupa em meu corpo e me espancava com beijos e mordidas. Pelas coxas, ombros, braços, bunda e barriga. Os caninos muito bem marcados em minha pele branca, as veias azuladas desenhando algumas curvas e os dedos grossos dele lendo cada imperfeição de minha pele. Repousava o indicador demoradamente por cada pintinha em meu decote enquanto tragava o cigarro, saboreando a nicotina em suas papilas e alvéolos.

[Playlist: Primavera - Los Hermanos]

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sábado, 17 de dezembro de 2011






- A minha alma é a jarra vazia, a vazia!

- A minha transborda.

- Divide comigo?

- É self-service. Você tem liberdade de vir e pegar o que quizer, e pode repetir.

- Diz pra mim que só eu posso fazer isso.

- Não digo. Eu sou plural.

- :( Quem mais pode?

- Quem quizer e quem deixar algo em troca. O lance aqui é barganhar.

- Wow.



[Playlist: Pode agradecer - Jay vaquer]




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domingo, 11 de dezembro de 2011

3x4 e raio-x

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É um misto incrível de sensações. Um turbilhão de emoções com as quais eu ainda não aprendi a lidar. Como estou em fase de descoberta, não consigo fugir de cada detalhe meu que se revela, assim, bem diante dos meus olhos. A vida acontece dentro da gente e quase nunca notamos que somos tudo aquilo que acreditamos e podemos ser. Não sei se é uma fase, se é autoestima (ou os problemas com ela) só sei que e bom. É novo, parece que nunca foi meu. Ontem quando eu estava revirando minhas coisas velhas (uma das formas que eu encontrei de me sentir viva e feliz por ser quem eu sou e fui) eu me assustei com uma foto. Me assustei com o impacto que ela causou em mim. As sobrancelhas expressivas me intimidavam. Tive que cobrir com qualquer outra coisa apenas para não achar que estava ali, do meu lado. O mais bizarro foi perceber o sorriso que se apossou da minha boca, morrendo aos cantos quando lembrei que existe um mundo gigante entre nós.
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E quando eu tirei um pedaço. Você lembra?

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[Playlist: Mika Rodrigues – Garota do Allstar]
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Beijo ;*

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Se acontecendo...

A vida não é injusta, mas é engraçada. Eu confesso meu egocentrismo, egoísmo e tudo que envolva eu ego, querido ego. Só não havia confessado ainda que posso sempre aprender coisas novas. Assim, confessar de confessar mesmo. De assumir para si mesmo que aquela pessoa que você não vai tanto com a cara, ou que parece ser pior que você em tudo, te ensine algo. De uns tempos para cá passei a aprender mais sobre mim. Mais sobre como sou, sobre meus defeitos e antes de ignorá-los ou tentar corrigi-los, passei a aceitar como parte de mim. Domingo anoite tive uma conversa muito especial e reveladora com a irmã maior, a vermelha. Ela me disse verdades tão óbvias sobre mim que até me desconcertou. Estranho saber que estava ali desde sempre e eu nunca havia percebido. Pelo menos não no sentido literal e literário. Eu sou assim, ué. Tenho tanto medo de fugir da minha zona de conforto que trago todo mundo para perto, para dentro desse círculo que criei ao meu redor e os coloco como parte do MEU mundo. Egoísta, pois é (Olha o bendito EGO ai de novo). A parte triste dessa prática é que todo ser que eu transporto para o MEU mundo acaba fazendo parte de mim, o que abre margem para eu querer o que ainda não é meu. Fui clara? Talvez não, eu sei. Ainda estou tentando entender o porquê faço isso...

Desperta em nós nova aurora ao coração.
Ensina a perder o medo.
Alcançar a voz, acordar de prontidão, anunciar...

“Milagres acontecem quando agente vai à luta”

[Playlist: Transição – O teatro Mágico]

Beijo ;*

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Tears Dry

 

 

Amy Winehouse cantava rouca nos alto falantes do aparelho de som. A amiga, tão pequena e frágil, não podia ser vista pelo reflexo do retrovisor. Estava inquieta, trocando de lugares no banco de trás.

- Sabe, desta vez está diferente. Não sei dizer como mas está. Talvez seja porque acabei de sair de um relacionamento, uma decepção, sabe?

Eu sabia e ao mesmo tempo não. Todas as minhas certezas estavam em jogo desde o rompimento. Eu ainda estava de luto, com o mesmo misto de sensações que a amiga tagarela não parava tentar de entender e descrever.

- Acho que é porque eu ainda estou na defensiva, sei lá.

- É que agora é uma coisa mais madura, – afirmei buscando alguma certeza dentro de mim.

- É, pode ser. Acho que porque é paixão.

- Eu não acho que tenha paixão.

- Não?

- Não! – pontuei.

- ….

- … paixão é mais inconsequente.

- É!

- Mas, isso é bom?

- Não! Mas é seguro.

(…)

 

[Playlist: Tears dry on their own – Amy Winehouse]

 

Beiijo ;*

 

 

há exatos 365 dias….

Engraçado viver, engraçado pensar. Há exato um ano atrás eu estava completamente enlouquecida com a idéia de não passar no vestibular. Hoje estou aqui, seguindo à risca as atualizações da secretaria do departamento de psicologia para ver com que média fechei as disciplinas e vou para o segundo ano. já sou 1/5 psicóloga, que maravilha, não?! Por osmose hoje eu estou nervosa. Estou pela amiga Mika que amanhã estará se acabando encima daquela abençoada prova. Mas as coisas irão dar certo, álias, elas já estão dando. Nada como assistir um showzinho do Teatro Mágico para descontrair depois da prova e agradecer ao mundo pela vida. De onde estou tirando esse amor todo de viver? Dos 11 kg que me abandonaram e prometeram nunca mais voltar. NUN-CA!

sábado, 26 de novembro de 2011


Tinha acabado de terminar a imensa rotatória do CTI, rumo à movimentada avenida 9 de julho. O sinal fecha e começa a contar os 30 segundos de transito impedido, enquanto isso o led azul piscava inquieto entre os dedos da prima, que mudava de música insistentemente. Ela para em uma batida romântica e conhecida. Meus polegares tamborilam o volante enquanto os olhos acompanham o 17 virar 16, que vira 15, 14 e assim até a voz dela romper o silêncio.
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- Eu não gosto desse clima de natal - disse revirando a caixinha com alto falantes e indicando a clínica á sua direita, toda decorada com pisca pisca cor-de-rosa.
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O sinal fica verde e o carro vibra sob meus pés, acelero e logo passo para 2ª e 3ª marcha. Apenas concordei enquanto sinalizava para mudar de pista.
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- Eu também não... - e me encarei no espelho retrovisor. - Parece que todo mundo é feliz.
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(...)
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[Playlist: My Hero - Foo Fighters]
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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

curve


Ela estava contagiante. Os cabelos de um crespo brilhoso, um topete alto. Ela sabia que era linda e que estava ainda mais. Aaaaah se aquelas curvas falassem... A curva da cintura, do cinto bem apertado abaixo dos seios, dos joelhos lisos, do sorriso discreto e do delineador nos olhos. A noite era dela simplesmente pelo fato de querer que fosse. Ganhou um calo no pé, mas também um bocado de olhares.
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[Playlist: Tudo bem - Lulu Santos]
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Aquele beiiijo ;*
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sábado, 19 de novembro de 2011

e o destino?


Eva chegou ao mundo causando transtornos. Sua mãe fugiu logo após dar à luz, causando em seu pai uma profunda depressão. A garotinha cresceu educada por um homem, um advogado esforçado e falido. Aos 18 anos, ingressou na faculdade de direito, como seu pai havia sonhado, empenhava-se em ajudá-lo em pequenos casos até formar-se e tê-lo na primeira fila, aplaudindo-a de pé. Era o maior orgulho que ambos sentiriam na vida.
Assim que chegaram em casa após a formatura, André, seu pai, a chamou no pequeno local que costumava chamar de escritório. "Estou infinitamente orgulhoso de você, querida. Minha missão está cumprida." E suicidou-se. Eva sentiu a dor invadir teu coração e decidiu que seria uma advogada reconhecida em São Paulo. Estava errada. O dia da garota começara desastrosamente. A cerimônia de juramento, no gabinete do promotor de justiça, estava marcada para oito horas da manhã. Eva preparou suas roupas cuidadosamente na noite anterior, armando o despertador para acordá-la às seis, a fim de ter tempo para lavar os cabelos. Mas o despertador não funcionou. Eva acordou às sete e meia e entrou em pânico. Desfiou um fio da meia quando o salto do sapato quebrou e ela teve de mudar de roupa. Bateu a porta do pequeno apartamento no mesmo instante que se lembrou que as chaves estavam lá dentro. Planejava pegar um ônibus para ir ao prédio do tribunal, mas isso agora era impossível. Teve de pegar um táxi, luxo a que não podia se dar, sendo atormentada por toda a viagem por um motorista que lhe explicou por que o mundo estava prestes a acabar. Foi então que decidiu: a carreira de advogada estava acabada. Dra. Eva Pimentel, aos 24 anos, seria puta.


"Rebolar em postes, colar em corpos, vender, de qualquer modo, os vasos, as peles, os pêlos todos: Vaginas em vitrines." - Teus restos, Madalena.


[Playlist: Heart-shaped Glasses (when The Heart Guides The Hand) - Marilyn Manson)



Uma lambida e marca de batom. ;**




sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Era engraçado tentar lembrar. Álias, era impossível. Parecia que nada havia acontecido, que eram apenas historias sem nexo e sem porque algum. A música se repetia pela 27ª vez, ela digitava o nome e enter, tudo parecia ser mais real. Sentia o coração bater nas têmporas, como se ameaçasse escorregar e sair pela boca. Se lembrava do jeito, da voz, do gosto, da força. Era inacreditável, ela lembra que era. Enredo para um filme, talvez. Assim que acordou com o celular despertando, teve o imediato choque de realidade. Era um sonho. O estranho é que era bom, e ela não queria acordar. Digitou novamente o nome, enter. Não parecia a mesma pessoa na foto, não a pessoa do sonho. Eram pessoas estranhas, completamente diferentes. E ela sabia que parte da culpa era dela. O nó apertou na garganta mas o sorriso se desenhou primeiro. Queria poder sentir o beijo, o abraço forte e o coração acelerado batendo em peito alheio.. Agora eram pessoas estranhas, ocupadas, adultas (ou não). Talvez não fosse a mesma coisa. Talvez fosse ainda melhor.

“...Mas fique sabendo que mesmo passando-se trinta anos, eu ainda me vejo olhando em seus olhos verdes novamente. Por favor, não corta o cabelo. Você lembra de mim?.”


E o meu conto de fadas?


[Playlist: Trough Glass - Stone Sour]


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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Então vai, remexe fundo, como diz um poeta gaúcho, Gabriel de Britto Velho:

“Apaga o cigarro no peito! Diz pra ti o que não gostas de ouvir, diz tudo

Isso é escrever. Tira sangue com as unhas. E não importa a forma, não importa a “função social”, nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. Mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. Você não está com medo dessa entrega? Porque dói, dói, dói. É de uma solidão assustadora. A única recompensa é aquilo que Laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior.”

C.F.A

...lágrimas por ninguém, só porque é triste o fim.




[Playlist: Ela disse adeus - Paralamas do Sucesso]




sábado, 12 de novembro de 2011

E eu fui lá. Já tinha dormido pouco e mal, dividir a cama com a irmã mais nova é para quem tem coragem. Principalmente se ela se meche feito uma lacraia mal matada enquanto dorme. O celular despertou, senti vontade de entrar embaixo da cama e me esconder do dia. Vamos lá, levanta! Quatro bolachas com requeijão e água para ajudar a descer. Fomos que fomos, lamentando nossas tristesas e comemorando que temos uma a outra para chorar e compartilhar o que é bom. Vaga no estacionamento do campus, uma raridade (principalmente em época de provas). E lá se foram 25 minutos, regrados a muita risada e questões sexuais. 9:15, corre. Eu to afim de comer pão de queijo. Meio baguete depois, estava eu lá, debruçada no balcão da recepção no consultório médico. Movimentadinho para um sábado, não? - Vamos pesar Lenina? Opa, claro que vamos. Ai então eu senti o peso daquele meio baguete com peito de peru, e como gordo não perde a oportunidade, fiquei pensando na outra metade que ainda estava na bolsa. Foi engraçado, tive a certeza de que sou péssima com aproximações. "Você ta vindo aqui mais do que eu. Jájá ta trabalhando aqui também". Eu sorri, e disse que não conseguiria. Me senti uma burra por não ter sido clara o suficiente e explicar que eu seria incapaz de conciliar trabalho e escola, enfim. O triglicerides, colesterol e glicemia em jejum estão altos, ô maravilha. Cade a garota gorda e saudável? Também não sei, devo ter engolido junto com os antidepressivos que tomei quase agora.




[Playlist: Nosso pequeno Castelo - O teatro mágico]


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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

há de haver...

Estou precisando desabafar. Não sei se quero, não sei se consigo. A vida não mima ninguém, não adianta. Não seria diferente comigo. E eu, coitada de mim, que achava que ela me afagava a cabeça, me consolava e facilitava tudo para mim. Finalmente eu cai, consigo sentir o gosto do sangue na boca. É salgado, um adocicado de leve ao fundo. E eu só vou continuar aqui, com a cara estatelada no chão, por conta desse doce. Se eu for pensar no gosto do ferro, sentirei que estou chupando capsulas de um fuzil que disparou-se em mim, à queima roupa. Mas esse doce, ahh, esse doce é o motivo para eu continuar aqui. Mesmo que eu sangre até morrer, quero poder sentir o gosto doce desse sangue até o fim.





"... todo resquício, esse excesso e vício interior, todo não achado, todo inacabado bom... Todo revolto movimento, todo novo argumento, todo novo calendário, todo novo testamento, nosso novo gesto de clamor!..."



há de haver avanço
há de haver solução...




[Playlist: O novo testamento - OTM]


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quinta-feira, 3 de novembro de 2011






Minha tristeza hoje não é exata, não é compreensível e muito menos traz alívio algum. Rodas gigantes de emoções. Moedas de vários lados. A eterna duplicidade que sempre me carrega e que me leva a um estado de cansaço interior quase insuportável.



(...)





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Soprei! Cade meu pacote de sementes?

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dente de Leão




Se eu soprar acaba tudo, hm?
Promete?





(...)








Beijo ;*

sábado, 22 de outubro de 2011

Pouco, muito pouco.

Pronto! Agora que voltou tudo ao normal talvez você consiga ser menos rei e um pouco mais real. Esqueça! As horas nunca andam para trás. Todo dia é dia de aprender um pouco do muito que a vida trás. Mas muito pra mim é tão pouco e pouco é um pouco demais. Viver tá me deixando louca, não sei mais do que sou capaz. Gritando pra não ficar rouca. Em Guerra lutando por paz. Muito pra mim é tão pouco, e pouco eu não quero (mais).



- Libertador demais para mim.



[Playlist: Muito Pouco - Maria Rita]


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