segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Ás, Rei, Rainha, entrelinhas...

     As cartas estão postas!
     Mesa limpa, apenas os copos de bebida e as angustias.
     O fio lateral da calcinha preta quase ameaça cortar a pele branca, enquanto que do outro lado, o outro jogador aposta nú.
     Jogada feita, ela olha suas opções de contra-ataque, perdida entre números e naipes, enquanto ele parece totalmente controlado e nada aflito. Ela joga sua maior carta, inocente. Ninguém nunca te falou que nunca se arrisca tudo na primeira jogada? Acontece que ela resolveu ignorar toda e qualquer lição de blefe que aprendera um dia, em outras ocasiões. 
     As sobrancelhas dele se movem, e ele manda a próxima. Jogadores se entreolham, sorriem um para o outro, ameaçam se tocar... Ele respira e inspira compassadamente, enquanto que o peito dela parece querer explodir. Quais são as regras? Ninguém nunca te falou que as regras são combinadas antes de qualquer coisa? Tarde demais, já foi dado o PLAY. 
    Aérea, como se não estivesse ali, mesmo estando em alma, ela se confunde naquele baralho, enquanto que os dedos dele manuseiam as cartas com maestria. O outro jogador é surpreendentemente filho-da-puta! E o que o coloca nesse patamar não é sua malícia com o jogo, ele disse que não era um dos melhores, que até desconhecia as jogadas e ela sentiu verdade em suas palavras. Ele nunca mentia! O que o coloca nesse patamar é sua despretensão. Ele não quer ganhar, mesmo ganhando. Tem cretino maior do que um jogador que não sabe jogar e ainda ganha? 
      Jogo perdido! 1 x 0
      Ele sai da mesa estapeando as coxas e dando lugar para o próximo. 
     A lição da jogatina foi uma única: ganha aquele que no final, está pouco se fodendo em levar o troféu para a casa.


 (Playlist: Stephen - Crossfire)
 

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