sábado, 13 de fevereiro de 2016

            Essa estranheza vem sem pedir licença. Quando percebo sou qualquer pessoa entre Lenina e Cínthia e então minha pele se torna o abismo entre o que sou e o que quero ser.
            Diariamente me deito com um ser estranho. Eu não sei quem sou, sei que gosto de colo, de cuidar...
Cuidado!!
         Sou ruminadora de detalhes. Me enfio em bocas alheias para ser saboreada, mastigada, despedaçada e ser cuspida depois. Minha piração é encostar na pele e tragar a alma. Como não sei o que delimita o que sou, vou absorvendo existências e mosaicando o que sou com um pouquinho de tudo que gosto. A língua desliza na pele e os poros aflitos engolem e se invadem de cheiro e de dor.
Sniper de gente!
           Pessoa da categoria mais barata, que flagra teu sono e te clica indefeso. A coluna ereta feito rabo de gato em riste e vou vivendo a eterna busca de saber quem é o outro, para ver se numa desses encontros, esbarro em alguma versão minha que estanque esse mau estar
Sou esse i que grita, i de maldita!!
             E todo encontro se desencontra.
           Me deixa ser, ver, ter... E vamos juntos traçando verbos e inspirando versos que possam fazer da vida algo menos banal.
             Afinal, quem é você agora?
           Relaxa essas pernas, vai, me deixa ficar aqui fazendo carinho no teu saco. Ou você tem medo de intimidade? Te assusta esse silêncio que ecoa batendo nessas paredes e voltando para dentro de nós?
           Olha nos meus olhos, porra!!!! Olha bem para o que eu sou quando estou com você. Essa não sou eu.
          Eu sou uma pobre mulher aflita que busca o que nem sabe e que diariamente me deito estranha de mim digerindo vestígios de desencontros e de nós.
              Cuida da tua alma, garoto.
             Cuida da tua dor e cuidado comigo! (pois eu nem sei o que sou)


Assinado, alguém. 







(Playlist: Marilyn Manson - Mechanical Animals) 

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