terça-feira, 22 de junho de 2010

As dificuldades de se amar uma mulher.



Amar uma mulher é uma condição díficil, talvez extrema.
E a têndencia apenas piora quando se é também mulher.
Assumir essa condição é aceitar toda e qualquer piada machista vinda de todos os homens, daqueles que ostentam orgulhosamente uma bela e grossa corrente de prata (parcelada em 12 vezes), dos mais simples e de criação hiper-honesta, e claro, também dos graduados, pós graduados, doutores e mestres.
É ter que ouvir a mais absurda de todas as teorias:

"Existe Adão e Eva, se isso fosse de Deus ele inventaria duas Evas"

Além de mergulhados em suas santa ignorâncias, eles (ou até mesmo vocês) pintam o própio Deus de homofóbio e preconceituoso.
Os prepontentes olhos de todos estão sempre em cima de duas garotas 'suspeitas', as julgando, as criticando, as amaldiçoando e reprovando. As pessoas criam seus filhos usando de todo caráter possível. Ensinam desde o Por Favor e Obrigada, até o Com Licença e Deus abençõe. Dizem desde que ainda nem sorriem, que a menininha tem que namorar com o menininho, e caso a garotinha cisme em colocar a mãozinha dentro da calcinha é reprimida e nunca mais chega perto daquela região. Bom, não até completar 16 anos. Fase em que ela coloca em pratica tudo aquilo que ouviu a vida toda, e passa a ficar desenfreadamente com todos os pares de testículos que já ouviu falar. E sabe aquela? Aquela menininha que pode ver a própria genitária no espelho de bolso da mãe, a mesma que nunca ouviu falar que Deus castigava (por que ele é bondade mas também é justiça [?]), a que podia perguntar que barulhos eram aqueles (os gemidos) e ouvia a devida resposta e não um tapa no ombro que a jogava até o outro sofá; ela será uma menina feliz. Feliz do tipo bem resolvida, honesta e livre. Livre para escolher se é com uma outra mulher que ela quer se casar. E ser FELIZ com isso.


Um comentário:

  1. menina, tu tocas em algumas questões muito pertinentes ao falar sobre a questão da sexualidade.

    primeiro que tem essa questão cultural da sociedade machista em que vivemos, que faz com que um homem veja um relacionamento entre duas mulheres, não como algo delas, mas como um fetiche, uma sensualidade, algo feito para dar prazer ao homem.

    depois, sobre religão, tu falas de forma muito sutil, não criticando-a em si, mas sim o uso que a sociedade faz dela para tratar estes que ela coloca como próximos com tanto preconceito. achei isso bastante bacana.

    e por último, e talvez até a mais importante de todas elas, é a questão da educação. esta, penso eu que deva ser central para que avancemos para uma transformação verdadeira.

    porque, quando o sexo, o corpo, as vontades e os sentimentos deixarem de ser tabus, teremos homens e mulheres plenos, independentemente do quererão para si.

    gostei bastante do teu texto. me fez rediscutir todas essas questões que tanto gosto. um grande abraço e até as próximas palavras.

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