Amy Winehouse cantava rouca nos alto falantes do aparelho de som. A amiga, tão pequena e frágil, não podia ser vista pelo reflexo do retrovisor. Estava inquieta, trocando de lugares no banco de trás.
- Sabe, desta vez está diferente. Não sei dizer como mas está. Talvez seja porque acabei de sair de um relacionamento, uma decepção, sabe?
Eu sabia e ao mesmo tempo não. Todas as minhas certezas estavam em jogo desde o rompimento. Eu ainda estava de luto, com o mesmo misto de sensações que a amiga tagarela não parava tentar de entender e descrever.
- Acho que é porque eu ainda estou na defensiva, sei lá.
- É que agora é uma coisa mais madura, – afirmei buscando alguma certeza dentro de mim.
- É, pode ser. Acho que porque é paixão.
- Eu não acho que tenha paixão.
- Não?
- Não! – pontuei.
- ….
- … paixão é mais inconsequente.
- É!
- Mas, isso é bom?
- Não! Mas é seguro.
(…)
[Playlist: Tears dry on their own – Amy Winehouse]
Beiijo ;*
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