quinta-feira, 26 de janeiro de 2012


Cadeiras de plástico, sempre tão desconfortáveis. As pernas roliças dela se apertavam entre os vãos da cadeira vermelha, enquanto ele foleava o cardápio a procura de algo especial. O vestido em tons de cinza parecia feito sob medida, lhe acentuando os seios e discretamente lhe desenhando o contorno das coxas. Quarta -feira, que merda. Foi o que ela pensou. Sabia que saindo dali iriam direto para um motel. Aquele motel, o preferido do companheiro. Ele abriria todas as cortinas, tiraria toda a roupa e tudo aquilo outra vez. O garçon se aproxima e ele pede uma tônica e uma água sem gás. Mas que caralho, toda essa cena para uma água?
- Hey, por favor. Traga o que quizer, álias, traga o que você tomaria. Vou começar a noite com um brinde à você. - E terminou com uma piscadela nada discreta com seus cílios imensos.
- Para de ser vulgar!! - disse ele retirando a chave do carro e carteira do bolso.
Ignorando qualquer palavra do rapaz, os dedos longos dela procuraram o maço de cigarros. As unhas vermelhas eram de lei, e o esqueiro argentino um presente de aniversário. Acendia o cigarro o segurando com os lábios, tragando forte e soltando a fumaça pelas narinas, como uma puta velha.
O garçon chega com a tônica e uma bebida vermelha, qualquer coisa com morangos. Alguns goles e o filtro de um cigarro marcado de batom apagado no cinzeiro. Ela sorri, exibindo os dentes miúdos e levemente amarelados.
- Você tem sorriso de criança. Não combina com você. - ele pontua.
- Hunrrum. - ignorou enquanto a lingua percorria o vestíbulo de sua boca, tocando os dentes. - São pequenos?
- São pequenos o que? Os dentes?
- Claro que não, meus peitos.
- Se são pequenos?
- Responde logo, que merda. São?
- São lindos. Combinam com você.
Os olhos bem pintados de preto ressaltavam as sobrancelhas finas. Por um momento ele nota que todos os pêlos do corpo dela são claros, naturalmente, e que a cor dos lábios tinha a mesma tonalidade dos mamilos. Ela se levanta, ajeitando o vestido justo ao corpo e colocando todo o cabelo para o lado, revelando os ombros estreitos e uma chupada no pescoço.
- Você está descalça?
- Tô!
- Taquepariu, vai entender.
- Para de falar palavrão. Você sabe que eu detesto isso, e pergunta para o garçon se ai eles vendem bala de café. Acabei de sentir o cheiro e fiquei morrendo de vontade.
Ele riu. A mesma garota que há menos de 30 minutos parecia tão segura, tão intocável e inatingível, agora descansava os pés do salto, reveleva a fragilidade de seu corpo e ainda pedia por bala.
- Descobri porque eu te amo.
- Aé?
- É. - disse ele enfiando as mãos nos bolsos a procura de algo.
- E porque você me ama? - Questionou cínica, ensaiando um riso.
- Porque eu não sei quem você é. - e colocou sobre a mesa um drops de menta.



[Playlist: Amy Winehouse - What is it about Men]
Não consigo parar de ouvir essa *-*


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