domingo, 7 de fevereiro de 2010

Aquilo já tem nome.

Heroína, pronto. Arrumei um nome para aquela coisa.

Ahhh, que vontade imensa de enfiar dois dedos nessa maldita garganta e puxar com toda minha força as palavras que se entalaram ali, naquele cantinho. (maldita perna que tbm não para de balançar). Heroína é o substantivo perfeito e, veja bem, quando falo desse substantivo, não me refiro ao nome de um ser. Aquilo não é um ser! Até parece, aquela coisa é só um amontoado de coisinhas boas que fazem com que vc se aproxime e pronto. Rárá. Se fudeu! Caiu na armadilha certa! Entendeu o por que de aquilo não ser um SER? Seria muita crueldade, coisa de outro mundo. Desumano demais para ser real. Quase aquele lance do morde e assopra, só que aquilo te chama com beijos, assopros de delicadesa, sinceridade... Quando na verdade, você vai ser apenas a entrada antes do prato principal.
Já consigo imaginar como ficarão feios os meus joelhos todo cheios de hematomas. Prometi para algo que me ouvia antes do sono, que iria todos os dias rezar para aquilo. E se de fato alguém me ouviu e existe realmente um céu e inferno, meu lugarzinho lá em cima - no céu - já esta garantido. Eu pedi taaaanto para que o cara lá não mandasse aquilo para o inferno. Imagine só, aquelas pernas, aquelas cicatrizes virando cinza. O machucado no dedo do pé nem cicatrizou e eu serei cruel de desejar que sinta aquela carne ainda viva, queimando? Deus, me perdoe, eu pequei. Não consigo imaginar aqueles cachos artificialmente pretos cheirando a plástico derretido em meio aos poucos restos mortais em brasa. E aqueles olhos? Do que adiantará o rímel encomendando e a intenção de deixar o verde ainda mais verde?
Tudo bem, eu assumo. TENHO CULPA! Me perdoa, vai. Me perdoa por ser límpida e transparente. Me perdoe por lhe contar, lgoo depois do primeiro passo, que a vovózinha era apenas um pretexto, e que na verdade, toda essa roupa é só para esconder meus pelos de lobo mal. Mas acima de qualquer coisa, me perdoe por ter a coragem de te deixar ficar, mesmo sabendo do risco que sempre correu!
Aquilo não pode ser um Ser, não pode ser um "ser real".



(...)



- Mãe, eu tenho nome de que?

- Como assim, tem nome de Lenina.

- Nããão! Se eu não fosse Lenina, seria o que?

- Ah, se vc não fosse? Se não fosse Lenina, você seria Lenin!
- sorriu entre os dentes e, com olhos, entre os fios da franja.

- Nããão! Se eu não me chamasse Lenina, me chamaria....?

- Se você não se chamasse Lenina, você não seria você.





Sem beijo desta vez.

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